quarta-feira, 29 de julho de 2009

Um rito sagrado

Foto:Najla


Decidi ficar um pouco a sós. Embrenhada nos meus pensamentos, conduzi sem destino aparente mas tão convicta de onde iria.
Lá cheguei. A ermida erguida no cimo de um pequeno serro, parecia estar à minha espera. Saí do carro e o meu corpo respirou tranquilidade. Aquele local carregava toda a minha essência de paz, de sossego.
Sentei-me no poial. Ainda tinha vestígios de almagre. A casa, cuidadosamente caiada, reflectia o sol e fustigava-me os olhos.
Revelava nesta casa os meus segredos, os meus tormentos, as minhas preocupações. Sozinha. Sem confissões e coisas banais. Não esperava resposta nem penitência. Não era para isso que eu para ali ia.
O eucalipto por detrás da ermida, nos seus uivos ventosos, ia quebrando o silêncio.
Contemplo o longe, um longe para lá fronteiras, esperando que um dia este longe me possa dar resposta, naquele rito religioso e de procura de paz. Os pastos já secos escondem tantas batalhas heróicas que hoje ninguém conhece e nem quer ouvir falar.
Falo em voz baixa para que também as pedras assentes a meus pés me ouçam e sejam minhas fiéis testemunhas. Reponho as ideias, encaixo-as e acalmo as tormentas. Respiro o ar quente como se de algum elixir se tratasse e eu desejo que por breve momentos me provoque algum efeito atordoante e anestesiante....para que, por esse breves momentos, me leve dali, para um não sei onde.
Meto-me de pé e como de costume, benzo-me. Estava pronta para mais uma etapa, para enfrentar as batalhas que viriam. E resigno-me perante a grandeza da natureza e porque não fosse eu semente desta terra, que em pó me tornarei.

5 comentários:

Vício disse...

li as tuas palavras que me prenderam fazendo com que a imagem criada na minha imaginação se tornasse quase real...
de repente, de tão real que se estava a tornar a sensação de estar ali... senti um vento no cabelo...e foi então que despertei e abandonei o cenário que estava a criar porque o ar que sentia era frio.
olhei para a frente e vi que o ar condicionado estava a apontar para mim.

najla disse...

Que momento, não? eheheheh
Mas olha que nem era preciso imaginares muito...a imagem é real! Tenta é teletransportar-te até àquela imagem...eheheh
Depois diz o efeito!

Osga disse...

Tu andas triste?!

Eu não ando por aqui e já andas a partir a loiça! :D

Eu disse...

Muitas vezes é assim que precisamos e queremos estar...

A comunhão com a vida e com o que realmente somos!

Um beijo carinhoso

Maria Clara disse...

Muito bonito amiga.
beijos
MARIA