
hoje, às 00h10m, fez 2 anos que tu nasceste.
O pai também gostaria de ajudar a mãe a escrever esta carta, mas como está a dormitar no sofá, julgo que irá concordar com tudo!
Recordo o momento, dentro da sala de partos, em que te colocaram sobre mim. "Não chora?!?!" disse a mãe. E uma das 6 pessoas dentro daquela sala tranquilizou-me "Chorará!"
E de facto, como se estivesses a entender o que a mãe dissera, deste um grito. Um grito para a vida... o grito DA vida!
Não te posso dizer, Princesa, que tudo foi bonito. Detestei a roupa de grávida! Detestei não ter tido um único desejo! Detestei os quilos que engordei e os outros tantos que inchei! Detestei o facto dos pés estarem tão inchados, que os dedos pareciam ter sido lá colocados! Detestei as cintas e as cuecas de "gola alta"!
Mas passou e tornaria a passar por tudo novamente. E claro, tenho de recordar as belíssimas massagens que o pai dava aos pés e pernas da mãe!
E quando te trouxeram para o quarto, por detrás das cortinas, segredei-te o teu nome ao ouvido. Tantas e tantas vezes.
E repeti vezes sem conta, o quanto te amava.
Sabes porquê, Princesa?
Para um dia - mesmo que a mãe se possa esquecer de o dizer - tu feches os olhos e ouças o coração a sussurrar-te "amo-te".
Eras pequena e tão frágil. Levei-te, com um cuidado de quem nunca pegara num recém nascido de minutos, ao meu peito e jurei-te que haveria SEMPRE de te amar, de fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para seres uma criança feliz, de te dar tudo o que qualquer criança tem direito, de te colocar sempre à frente de qualquer prioridade, defender-te, fazer-te rir, brincar e de te acompanhar na tua vida.
E passados estes 2 anos, consigo relembrar cada promessa que te fiz e orgulhar-me de as ir conseguindo cumprir.
És feliz. Sinto-te feliz. Estou, assim, feliz.
Mas Princesa, o mundo lá fora, não é um mundo de felicidade. Irás, de certo, encontrar tantos mas tantos obstáculos. Mas a mãe estará sempre a teu lado, para te ajudar a compreender o mundo. Não te posso fechar numa redoma. Nem quero. Ajudar-te-ei a olhar de frente o mundo e a vida, a vencer e superar barreiras, a saber perdoar, a ver a beleza de um dia de chuva, a limpar as lágrimas. E só assim, só assim, poderás ser uma pessoa melhor, integra e amiga. Não devemos camuflar o que somos nem fingir o que não somos. Também te irás confrontar com amigos, falsos amigos e pessoas insensíveis. Mas estarei a teu lado para te poder esclarecer das diferenças de cada um deles.
Também um dia irás perceber que afinal as histórias das princesas e dos principes, não passam disso mesmo. Mas Princesa já tu és. Basta escreveres a tua própria história e tenha o final que tiver, estaremos sempre a teu lado.
Mas isso, filha, a mãe explicará daqui a uns anos.
Hoje, aproveita a tua infância, o teu dia. Brinca, ri, sê feliz.
Parabéns minha filha, minha Princesa.
PS - o pai que entretanto acordou, concordou com tudo! Eu não disse?