O primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, esteve, esta sexta-feira, dia 1 de Maio, dia do Trabalhador, na Ovibeja, Beja, Baixo Alentejo (desculpem fazer esta referência mas foi noticiado na televisão pública, que Beja pertencia ao Alto Alentejo).
E no seu discurso ensaiado, falou na dimensão sócio-económica que a Barragem de Alqueva tem e os beneficios que tem trazido para o desenvolvimento da região e o grande investimento privado.
Como o sr. P.M. só deve olhar para números e não deve conhecer a realidade desta região, (até porque muitas azémulas que estão no poder só conhecem o Alentejo no mapa), gostaria, um dia, e teria todo o prazer de lhe fazer uma visita guiada ao Alentejo real, de preferência sem toda a comitiva que o acompanha e que só lhe mostra um pseudo-Alentejo.
Assim, apenas posso desabafar neste post, com o meu simples discurso.
A Barragem de Alqueva trouxe alguns benefícios, enquanto esteve a ser construída, devido à mão-de-obra que requeria. Mas também, deixem-me dizer que a pior parte da construção foi feita por mão-de-obra estrangeira (claro que houve muito dinheiro mal empregue e distribuído, mas isso é para outro post).
Terminada a obra, e devido ao aumento do preço das terras nas margens do rio (desde que não estivessem submersas) e arredores, os proprietários venderam-nas, na sua maioria, para os nuestros hermanos. Estes, os tais que o sr. P.M. referiu como investimento privado, trazem da sua terra toda a maquinaria. Porquê? Porque para além de ser muito mais barata, os impostos também são muito mais baixos. E para além da maquinaria, trazem os pessoal técnico.
Investimento há. Mas este investimento emprega pouca mão-de-obra portuguesa.
E a grande maioria dos investidores, dedica-se à produção intensiva de olival e de vinha, o que daqui a uma dezena de anos, as terras estão completamente esgotadas.
Mas se fosse eu a plantar oliveiras com 1 metro de distância, umas das outras, cairiam em cima de mim, todo o tipo de fiscais e mais alguns....
Mas eu até percebo porque é que preferem mão-de-obra especializada dos seus países.
A cerca de 12 km da minha terra, existe uma grande herdade que pertence ao estado. Esta herdade, à cerca de uns 20 anos, era uma "mina de ouro". Tinham 2 ou 3 engenheiros agrónomos que andavam no campo e sujavam as botas de lama, mas acompanhavam o pessoal na labuta. Chegou a empregar cerca de 100 pessoas. E ali havia de tudo: criação de vacas, cabras, porcos, ovelhas; olival; plantações de cereais; vinhas.
Com a exigência de que a mão-de-obra tem de ser especializada e de preferência com curso superior, neste momento, dentro dos escritórios estão cerca de 20 engenheiros (que vão de fato e gravata e sapato fino) e têm a trabalhar no campo cerca de 3 pessoas. Sem falar nas dívidas que têm no comércio local.
Se calhar se olhasse para as pessoas em vez de olhar para números, perceberia o que realmente se passa por este Portugal fora. Se calhar se os nossos governantes locais lhe mostrassem o Alentejo, o sr. P.M. não diria tantas asneiras na televisão.
E assim poderíamos dizer que "isto é o Alentejo real, sr. P.M.".
E digo-lhe mais uma coisa, de nada tem de porreiro.
8 comentários:
e pensaste em lhe indicar onde era a Aldeia da Luz original para ele fazer uma visita (sem pressas)?
Só falam de boca, sem conhecer as realidades. Idiotas.
CLAP CLAP CLAP.
Bloco de Esquerda forever!
PS - Pois sim... já passei por uma fase muito consumista, mas agora estou na fase do instisfeito!
Bjooooooooooooooos
Vicio, eu acho que a vida do sr. anda numa espécie de Aldeia de Luz submersa mas ele ainda não sabe!!!
ML, nem mais.
Walter Fane, ;)
beijos
Está tudo certo menina mas tem de tratar o Zézinho por pá :)
XinXin
Nada muda estejamos no pais que for,sera isso um perfil de todos os politicos do mundo?
fique bem
Denise
Isto é um país de doutores....
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