terça-feira, 14 de setembro de 2010

Até aos meus 30 anos, nunca senti o chamado apelo à maternidade. Não sei se pelo facto de até então considerar que não tinha encontrado o tal macho alfa, que desejaria para a minha prole, se por detestar criancinhas ranhosas, birrentas, manientas e teimosas, se pelo facto de ter sido uma 2.ª mãe para as minhas irmãs com apenas 10 anos!
Filhos estava fora de questão.
Mas eis que surge o tal macho alfa e o tal apelo foi surgindo. E aí senti medo. Porque já não poderia dizer "oi, toma lá a tua cria que fez cocó!" ou entregar a criança depois de abrir a boca mas antes que soasse o grito do choro, ou porque tinha ranho ou tinha bolsado, ou simplesmente porque não me apetecia.
A maternidade aí começo-me a assustar verdadeiramente. As noites não dormidas, o choro sem sabermos porquê, as doenças, como sabia que tinha fome, as cólicas e até mesmo a própria gravidez!
E claro, para uma mãe primeiriça como eu, tudo tem sido uma descoberta plena. E também ter de admitir que ser mãe mudou-me radicalmente.
Recordo que foi tema de falatório na família e até de telefonemas, quando a minha irmã assistiu à minha primeira lágrima derramada a ver televisão. Raramente chorava ou mostrava qualquer tipo de emoção...ok, de vez em quando ria-me, mas também nunca fui de rir ou sorrir espontâneamente.
E hoje vejo-me aflita a segurar as lágrimas por qualquer que seja o motivo. Posso dizer que a maternidade amoleceu-me e como diz a minha irmã "tornou-me mais humana".
E acredito que sim.
E entre hoje e ontem, tenho assistido à minha ansiedade, à minha insónia por saber que a minha filha vai, pela primeira vez, para a escola. Questiono-me inúmeras vezes "como estará?", "será que está a gostar?", "sentir-se-à perdida?", "será que lhe irão bater?", "será.....será....".
Se a maternidade me deixou uma verdadeira lamechas, também é verdade que me tornei muito mais tolerante, permissiva, altruísta, atenta, generosa e como quase todos os que me rodeiam dizem, mais humana. E isso é bom, muito bom....só é pena é não conseguir controlar as maganas das hormonas e claro, das lágrimas!

4 comentários:

Moi disse...

Como eu digo, tudo faz parte da vida!... E a maternidade muda qualquer mulher, e sempre no bom sentido! (salvo, claro, aquelas excessões escandalosas que aparecem na TV!)
Beijos!

NI disse...

Como mãe de duas filhas, uma com 20 e outra com 12 anos, apenas te posso dizer o seguinte: ninguém nasce a saber ser pai ou mãe. Todos os dias cometemos erros e todos os dias aprendemos qualquer coisa de novo. No fundo, crescemos com eles.

À medida que eles vão crescendo os desafios são diferentes. Se passei noites em claro quando os primeiros dentes deram as boas vindas com um belo par de dores, mais tarde passei as noites em claro com as suas primeiras saídas nocturnas e hoje quando a mais velha vai de viagem para uma cidade qualquer da Europa.

Uma coisa é certa: o tempo corre demasiado depressa. Aproveita os abraços expontâneos. O acariciar da ponta dos seus dedos na tua face. Guarda na memória o tom orgulhosa quando ela te diz "adoro-te mãe, és a melhor mãe do mundo". É que, à medida que vão crescendo, esta espontaneidade perde-se
e dificilmente tornámos a ouvir tais palavras às quais, por vezes, nem damos grande valor.



Nota - Ela está bem. Não te preocupes. :)

Beijo

Vício disse...

chiça! ainda bem que eu não corro o risco de engravidar... :p

najla disse...

Angel, tens toda a razaão! Toda!

Ni, tanta gente que me tem dito isso...e julgo que estou a seguir à risca e a gozar ao máximo todas as fases da vida dela.
E sim...depois de telefonar para a professora, para a minha irmã e até para a ama....já sei que passou bem o dia! lolol

Vicio, eu não tinha assim tanta certeza. A natureza humana muda! E tenho visto tanta coisa "isquisita"...:)