Às vezes gostava que as minhas palavras tivessem toque, para quando as lesses, as sentisses exactamente o meu estado de alma. A alma una que está aprisionada neste corpo, sujeita-se ao que dele faço. Escrevo porque é mais fácil mas tanta coisa fica por escrever. Não encontro palavras no pensamento. Paro em alguns parágrafos para retomar o pensamento e não divagar muito. O tempo urge e transforma os minutos que me lês, em horizonte extenso.
Comecei a escrever para conseguir ser transparente. Como nós julgamos que somos vidro e afinal ninguém penetra nos nossos segredos nem pensamentos. Só sabem que somos de vidro quando caímos.
Tantas vezes que julguei ser clara e translúcida de modo a que os meus desejos fossem atendidos ou percebidos.
Complicada! Chamas-me.
Mas eu julgo que não. Julgo que apenas sou eu, banal mortal, que vagueia à espera de atenção, de um minuto de lucidez.
Pego em palavras e jogo-as à força contra o papel, a ver se consigo que elas tomem vida.
Falo em voz alta. Talvez para sentir melhor como se cada palavra fizesse parte da minha intimidade, do meu ser, da minha entranha.
Tento escrever mas não sai. Tento pensar mas não alcanço. E por estas palavras me fico...esperando que outras venham e te mostrem mais de mim. Palavras que irei inventar. Para que te expliquem o que eu não explico, para te entranhar na pele o que eu não consigo.
Com tantas palavras e nenhuma ao mesmo tempo que te façam compreender quem sou.
Afinal, pergunto eu tantas vezes a mim própria, quem sou eu?
1 comentário:
Às vezes quem somos é quem somos com alguém, que nos pertenceu e nos ajudou a ser nós. Quando esse alguém desaparece, somos de vidro, sim. Mas é preciso reaprender a viver
Enviar um comentário