Nós, portugueses, somos caracterizados pela nossa aparente tristeza, como se a nossa vida fosse um eterno fado. Mas também dizem que somos um povo acolhedor, humilde, solidário. E uma das provas disso, é a onda de solidariedade que se instalou em Portugal para ajudar as vitimas das várias intempéries que temos assistido ultimamente. E uma dessas campanhas é a favor da Madeira e dos desalojados e vitimas. Se ajudei? Sim. E ajudaria mais se pudesse.
Mas julgo que existem ondas de solidariedade que muitas vezes servem para tapar o sol com a peneira. Que servem para descargo de consciência. Que é de certa forma, um fechar os olhos para a realidade....uma realidade mesmo ao nosso lado.
Conhecem a D. Maria, que mora em Caminha e que vive numa casa extremamente pequena, sem casa-de-banho, sem água canalizada, e que dorme na mesma casa onde faz a sua alimentação e a sua higiene?
Conhecem o sr. Pedro Afonso, habitante de Paderne, que mora numa barraca, com 3 cães e que faz a sua higiene na casa de banho pública e aquece o seu almoço, no lume que faz na rua, em cima de um latão?
Conhecem a D. Rosa, de Lisboa, que mora numa casa em muito mau estado porque os seus senhorios se recusam a fazer obras e que para ir da sala para o quarto, em dias de chuva, tem de vestir um resguardo?
Conhecem a D. Josefa, de Mértola, que vive isolada, num monte, sem recursos, e que o seu estado de saúde piora porque não tem dinheiro para comprar medicamentos e muito menos para pagar um táxi para a ir buscar e levar ao médico?
Pois....não conhecemos! Mas estes, estes são nossos "vizinhos"!
2 comentários:
e tu conheces os ciganos que têm casa dada pelo governo e ainda recebem o subsidio de inserção?
Por uma triste coincidência, tenho vizinhos vivendo nas mesmas ou em piores condições. Aí, vivem em casas de banho, aqui, muitos se instalaram debaixo das pontes. Estamos todos vendo, pois essa é uma imagem, quase de cartão postal. Quanto ao governo? Estes estão sem tempo, porque estão preocupados com as próximas eleições. Quanto a mim? Tenho ajudado como posso, mas são tantos, que nunca é o bastante.
Um abraço, querida!!! :o(
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