terça-feira, 21 de dezembro de 2010


À semelhança de outros anos, aqui estou eu, a desejar-vos de coração um Bom Natal e um próspero Ano Novo.
Mas não posso deixar de partilhar convosco, o peso que a alma traz. Não sei se daqui a um ano ainda estarei nesta secretária, nesta casa, neste emprego. E isso deixa-me triste. Muito.
Vejo as lojas da minha aldeia vazias, onde não há aquele corre-corre às pressas para comprar um presente para cada familiar. Não sinto o cheiro das filhoses nem paira no ar a alegria que outrora se sentia com a chegada de mais um Natal. Vejo famílias inteiras, a depender de pouco mais de 200€, e a deixar a conta pendurada na mercearia. Vejo os mais idosos suspirarem e desabafarem que tudo ou subiu ou está na eminencia de subir, e não sabem se terão dinheiro para comprar medicamentos, que agora já nem são comparticipados. Encaro com tristeza e algum desânimo este novo ano que se aproxima. Mas não sou conivente com tristezas alheias nem assumo tristezas por simpatias, mas sinto-me preocupada e mesmo ansiosa, pelo desenrolar de tantas situações para 2011.
No entanto, como eu digo tantas vezes, sorte daquele que mantém ao menos a saúde. Por isso, saúdinha para todos e esperemos que o post de Natal de 2011, seja muito mais animador que este.


Feliz Natal e um Bom 2011

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Vejam primeiro que vos está a ligar...


Um amigo meu, um completo despistado, mandou-me uma sms a dizer que ia fazer um churrasco e se eu queria ir almoçar. Ora, conhecendo-o eu como o conheço, pouco se devia aproveitar do churrasco, de tão desastrado que é. Depois de uma troca de mensagens, acabo este leva-e-trás com "...e tem cuidado para não queimares a chouriça!"
Ao fim de 2 minutos, alguém me liga e eu sem deixar a pessoa falar, digo muito prontamente:
Eu - Eu sabia que tu queimavas a chouriça! Estás-me só a ligar para confirmar, certo?
A voz ao telefone - Peço imensa desculpa, mas não lhe liguei por causa da chouriça mas por causa da sua conta. Sou o seu gestor!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

No domingo tive um convite inédito: o meu pessoal ia todo à apanha da azeitona e resolveram convidar-me! Como a minha espandilose, reumatismo, dor ciática e hérnias não convenceram o pessoal, resolvi apenas recusar aquele tipo de vernissage. Estavam muito à frente para mim!
É claro que convidaram para o almoço e obviamente para não fazer a desfeita completa lá me apresentei eu! A sogra (da min'alma!) ainda com ar trocista me disse para fazer lume e que para tal tinha de andar cabeço acima, cabeço abaixo para encontrar lenha! Ao que respondi que caso não encontrasse lenha, bastava pegar fogo a uma oliveira e claro, aquele ar trocista desapareceu quando se apercebeu que eu falava muito a sério!
Depois de cá no cimo do cabeço ver o pessoal todo de rabo para o ar, como se estivessem arejando, imaginei-me naquela (triste) figura. A cunhada ainda me acenou e eu retribuí, que não cá de faltar às falas! Mas fui-me afastando, afastando e quando dei por mim ia a caminho de casa! Pois é, a demência nesta idade começa a florescer....mas acabei por retirar uma boa lição: o toucinho e a linguiça assados na brasa, no campo, sabe melhor que em casa! Mas claro, o regresso é sempre tão bommmmmm!!!!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010


Se eu disser que ao fazer mais um ano me tornei uma verdadeira senhora, pois estaria a mentir. Tenho um amigo de longa data (que julgo que é o único que me conhece verdadeiramente sem precisar abrir a boca), que acha estranho o percurso de vida que decidi tomar. Espanta-se como é que troquei o sapato fino das danças pela bota grosseira para andar no campo. Não consegue perceber como é que deixei o glamour dos salões de baile, dos aplausos e da noite, pelo serão em família, pela companhia do meu amor, enroscada numa manta à lareira e de brincar ao faz-de-conta com a minha filha. Não acredita que tenha trocado a cidade onde tudo estava ali, pela mansidão do campo e onde tudo ficam muito mais que além. E eu rio-me e digo-lhe vezes sem conta que não me interessa a maior parte das coisas se estas não me fizerem feliz. E ele torna a não compreender. Pergunta-me o que eu fiz ao sonho de conhecer o mundo, de conhecer muitas pessoas e de frequentar os sítios mais badalados do mundo. E torno a explicar que nada disso tem significado se não tiver sentido e encaixe na minha vida. E de que me vale um mundo inteiro se eu adoro o meu pequeno mundo?!? E sem se conformar, estranha que tenha desaparecido a minha fúria de viver, e tenha sido substituída pela minha calmia e tranquilidade. O meu passo tornou-se mais vagaroso, mais firme e muito, muito feliz....E ele não compreende!