sábado, 9 de outubro de 2010


Nem sei por onde começar. Deixei de conseguir que as palavras se soltassem, deixei de conseguir transmitir a mágoa em que vivo e o tormento em que se tornaram os meus dias.
Fecho os olhos e vejo-me ainda com tanta vida pela frente e sem vontade para a viver. Fecho os olhos e apercebo-me que afinal há presenças que se tornam fantasmas antes de o serem. Sinto que tudo me foge entre dedos, sinto que o fogo da minha força, perdeu o seu calor. Não tenho mais abraços saídos do nada, saídos do silêncio e que me davam todo o apoio para o que for que viesse. Não tenho mais colo para chorar. Não encontro o ombro que nos meus piores momentos aparecia. Vejo-me com tudo tão perfeito mas sinto-me invisível a todos à minha volta. O meu queixume já não é ouvido. O aperto no peito já não é tido em conta. O meu silêncio já não preocupa mas tornou-se um alivio. As minhas feições perderam a felicidade, perderam a alegria. Ninguém já me vê rir, sorrir mas também já ninguém me pergunta porquê. Para quem raramente cai, é difícil para os outros aceitar que afinal estou cansada, afinal sou humana e sinto-me esgotada, sinto-me sozinha, desamparada. Dizem que as pedras são duras e que eu em pedra me tornei. As pedras não choram mas eu todos os dias choro. Todos os dias sinto o desabafo nas lágrimas que escondidas lá percorrem a face esgotada. Dizem que a morte tráz paz, sossego e talvez assim possa sentir um pouco daquilo que grito e preciso mas que ningém ouve...