
Tive o privilégio de integrar uma excelente equipa de trabalho. Inicia-se um projecto, reúnem-se uma série de pessoas, que a maior parte delas nunca se viram de lado nenhum e pede-se que o executem da melhor forma possível. Muitas vezes, o desconhecimento sobre o outro leva-nos a tomar atitudes de defesa, de afastamento e outras vezes proporciona a necessária aproximação. E com o tempo conhecemo-nos, começamos a fazer parte de umas boas horas da vida de cada um, começa-se por se confidenciar coisas simples, banais e experimenta-se a integridade, a essência de cada um. O tempo passa e os laços tornam-se cada vez mais fortes. Criam-se verdadeiras amizades, amor verdadeiro entre pessoas, tão simples, sem regras, sem exigências, sem explicações. Preocupamo-nos uns com os outros e o trabalho vai-se executando naturalmente. Em momentos menos bons, há sempre apoio, o tal apoio que só bons amigos dão. Há partilha de saberes, de conhecimentos, de vida, de momentos.
E no dia que alguém da equipa sai, recai sobre nós a tristeza apenas aligeirada por saber que irá por um caminho melhor. Mas a amizade continua. E mesmo longe, continuamos perto. Mesmo que entrem novos elementos, tentamos passar-lhes esta cumplicidade...umas vezes conseguida, outras nem por isso.
Até o dia, o derradeiro dia, que sabemos que o fim está a chegar. Apresentam-se resultados, recebem-se aplausos, trocam-se olhares. Olhares cúmplices que em vez de festejarem uma vitória de um projecto conseguido, vislumbram a separação, o incógnito....o adeus.
E este dia é hoje! Por isso, não se espantem se os meus olhos, hoje, não rirem; não se espantem se, hoje, não ouvirem a minha gargalhada; por isso não se incomodem se, hoje, eu trazer no meu peito uma tremenda tristeza!