segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Filhos de uma mãe menor


Perante a indiferença que a figura materna estabelece entre os seus filhos, é necessário que a criança que menos recebe, procure mimos e colo fora de casa, para que possa crescer saudável e pouco carente. A ausência de um beijo, a frieza da distância de um abraço, de um colo, faz com que essa criança, a menos acarinhada, procure em outros braços, em outros colos essa necessidade. E só assim, poderá dizer um dia, que teve uma infância feliz.

Quando se é adolescente, é necessário desenvolver uma grande força interior para esconder a mágoa e o desânimo, sendo o seu carácter moldado à distância de sua mãe. O ciúme que outrora tivera de seus irmãos, fora trabalhado e transformado, também ele, em indiferença. Ao choro de seus irmãos, sua mãe corria e acudia. Ao seu choro, sua mãe praguejava. Os amigos e colegas preenchiam o vazio, e só com a sua determinação e um grande amor próprio, pode dizer que teve uma adolescência feliz.

Quando adulto, mostrou uma personalidade forte e determinada, mas muito distante, fria, cautelosa, fechada e independente. E só assim conseguiu continuar a apreciar, de ânimo leve, o apreço de sua mãe a seus irmãos e o despego a si próprio. Em troca, só pretendia resposta à pergunta "porquê?". Mas perante o medo da solidão, rendeu-se ao silêncio pois este sempre fora um bom aliado e companheiro. Quando se realizou profissional e pessoalmente, pôde dizer que era feliz.

Mas quando a indiferença passou para o seu descendente, e vê, estampado no rosto de seu filho, o seu retrato, a sua pequenez, o coração começou a ficar apertadinho, o nó na garganta desatou e o choro contido apareceu.
Porque o seu "porquê?" que nunca tivera resposta para si, agora exigia-o, porque afinal o que sempre quis era igualdade.

8 comentários:

Vício disse...

e será que ele encontrou em si a resposta para o seu "porquê"?

najla disse...

Não, Vicio, não encontrou...quem lhe dera estar em si a resposta.

Anónimo disse...

Isto cheira-me a terapia eternamente!

Mas acho que podias acrescentar...
todo este cenario se tornava menos doloroso pois do seu lado havia duas primas, que sempre intercediam por ela junto dos seus pais. Juntas eram o trio perfeito de brincadeiras e segredos! (pronto...não tenho jeito nenhum para estes textos, não escrevo como tu, mas deu para perceber a ideia certo?)

Tudo o resto cherie, lamentavelmente... é inveja!

PQI

(Apesar de me apetecer praguejar ves como consegui evitar!!! não estas orgulhosa?)

najla disse...

Claro que estou, PQI. Mas também, já houve quem praguejou o suficiente...

Pelo motivo que descreves é que és e sempre serás a PQI....

Ana Oliveira disse...

Najla

Pena que as férias tenham acabado...mas é bom ter-te de volta.

Força para a nova ronda de dia-a-dia.

Beijos

Ana

C' disse...

Há coisas.. onde a mim me lembram coisas que vivo.
Mas algo que quero ultrapassar, mesmo sabendo que nada será igual.

Olha posso seguir.te? :P

Bjinhos :P

najla disse...

Ana, sim, as férias...uma (grande) pena! eheheh


Um beijo

najla disse...

Querer-e-não-te-ter, olá!
Sim...pensamos e julgamos muitas vezes que determinadas coisas só acontecem a nós próprios....mas não! E os blogs são prova disso. Muitos dos sentimentos que apresentamos em post's são a realidade de quem nos lê...as vidas, afinal, não são assim tão diferentes...


E claro que podes seguir...até que o queiras!
Um beijo e bem vinda!