sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Regressarei


A noticia chegou cedo. Já esperava por ela há algum tempo, mas desejamos sempre que nunca chegue. Quando a voz do outro lado do telefone proferiu as palavras indesejadas, decidi que talvez fosse melhor, mesmo sentindo-me tão impotente, tão pequena, estar perto dele. E como tal, não sei quando regressarei. Irei estar na sua cabeceira e segurarei na sua mão. E quero estar lá, para quando ele abrir os olhos, ser a primeira pessoa que veja. E que entre o mundo de cá e o de lá, ele veja nos meus olhos, o meu amor. O meu único e grande amor...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009


Alguém chegou ao meu blog, pesquisando no google "como conquistar gajas mais velhas".

Espero sinceramente que a pessoa (pois...não sei se é homem ou mulher, né?) consiga saber isso bem longe daqui...até porque aulas de conquista, gajas e ainda por cima idosas, não há por aqui...digo eu!!!!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Um sorriso...


Hoje acordei com uma sensação leve e descontraída.
Talvez porque não tenho horários, porque não tenho ninguém em casa, porque apenas sou feliz.
Levanto-me com um sorriso, coisa estranha em mim.
Caminho descalça para sentir o frio do soalho. O arrepio do corpo pede-me agasalho.
A água quente percorre-me, atrevida, como que saudando para um novo dia.
Quase nem olho para o espelho.
Não quero saber dos mil cremes, dos mil perfumes, dos mil sapatos, dos mil trajes...
Visto um jeans e uma blusa de malha. Desembaraço os cabelos e ajeito-os.
Já na rua, as pessoas passam e cumprimentam-me.
O sol de Outono mete-se comigo, aquecendo-me.
O vento conta-me segredos que eu não quero ouvir. As nuvens, uma por outra, metem-se à espreita.
Caminho mas não sei bem para onde vou. A calçada já conhece os meus passos.
O dia ainda agora começou. E é tão bom sentirmo-nos assim.
Sento-me no jardim, onde os mais velhos conversam. Conversas alegres, carregadas de saudade e de passados.
Alguém acena-me. Retribuo o gesto.
E por longos minutos aprecio a vida, o momento.
Afinal, tudo é tão simples.
Redobro forças e vontade.
Fecho os olhos, respiro fundo e espero sentir sempre esta plenitude...cada vez que acordar com um sorriso.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

O segredo dos seres e do mundo


"Sentia-me à vontade em tudo, isso é verdade, mas ao mesmo tempo nada me satisfazia. Cada alegria fazia-me desejar outra. Ia de festa em festa. Acontecia-me dançar noites a fio, cada vez mais louco com os seres e com a vida. Por vezes, já bastante tarde, nessas noites em que a dança, o álcool leve, o meu desenfreamento, o violento abandono de cada qual, me lançavam para um arroubo ao mesmo tempo lasso e pleno, parecia-me, no extremo da fadiga e no lapso de um segundo, compreender, enfim, o segredo dos seres e do mundo. Mas a fadiga desaparecia no dia seguinte e, com ela, o segredo; e eu atirava-me outra vez."


Albert Camus, in "A Queda"(citador)

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Triste alma a tua


Oh triste alma que vagueias, à espera de auxilio, de bênção, de perdão, de mão, de um porto de abrigo.
Oh triste alma que perdeste o sentido da vida, o reflexo da alegria, o sabor da vitória, a aventura da paixão e o ardor do amor.
Oh triste alma que caíste em tentação e não recuperaste a estima, o orgulho, a bondade, a vontade.
Oh triste alma que esperas que o mundo pare de girar para te ajeitares, para te sentares direita, para repousares o espírito.
Oh triste alma que perdeste a noção da amizade, do encanto, da fantasia, do segredo, da descoberta, da cumplicidade.
Oh triste alma que te deixaste morrer e abandonaste o teu corpo, sem sentido, sem direcção, sem flores, sem lágrima, sem dor.
Oh triste alma que nunca subiste a uma montanha, nunca sentiste o sabor do vento e caricia da chuva.
Oh triste alma que foste, que abalaste e não recuperaste da vida imunda, não lutaste, não gritaste.

Oh triste alma que de vez te perdeste!

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Dúvidas da minha vida

Qual é o tempo necessário que precisamos para conseguirmos admitir que alguém se foi embora de vez e que nunca, mas mesmo nunca mais voltará?
Quando é que conseguimos conjugar o verbo "morrer" no passado e aplicá-lo como uma acção do presente?
Porque é que o sentimento de vazio cria um aperto no peito e quanto mais chorarmos, mais vazios e mais apertados nos sentimos?
Como é que conseguimos sentir a presença de alguém que desapareceu, mas que amamos tanto, e nos é proibido tocar e ver?

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

"A Vontade de Poder"


"Qualquer que seja a sua situação, um homem tem necessidade de juízos de valor, mercê dos quais justifica - aos seus próprios olhos, e sobretudo aos dos que o cercam - os seus actos, as suas intenções e os seus estados; melhor dizendo: a maneira de se glorificar a si próprio.

Toda a moral natural exprime a satisfação que uma certa espécie de homens experimenta. Mas, tendo nós necessidade de elogios, também a temos de uma tábua concordante de valores, na qual os nossos actos mais fáceis figurem como os que exprimem a nossa verdadeira força e sejam os de mais elevada estima. É naquilo em que somos mais fortes que queremos ser vistos e honrados."
Friedrich Nietzsche

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Ontem, fui visitar a sogra ao hospital, que foi submetida a uma pequena intervenção.
Ela (olhando para o filho) - Sinto-me tão tonta! Sabes, o quarto parece que anda à roda....
Eu (mas quem me manda a mim não saber calar a matraca?!?) - A anestesia, no pós-operatório, poderá dar origem a tonturas! (mas claro que eu jamais poderia ter razão!)
Ela - Deve ser a tensão!
Filho - Mãe, a anestesia faz isso!
Ela - Talvez! Mas acho que se não é da tensão poderá ser da diabetes!
Eu (realmente sou mesmo parva!) - Mas você não tem diabetes!
Ela - Ah! Já sei! É de eu levar já 2 dias sem ir à casa de banho!

Conclusão (minha, claro): já tinha reparado que muitas das conversas e atitudes dela só podiam derivar de uma coisa: a subida ao cérebro de algo derivado da prisão de ventre!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Não se pode ter tudo! Mas que mal faz o cagulo?



Hoje, dia de rescaldo eleitoral, tirei 2 conclusões: ganhei a nível pessoal mas perdi a nível profissional.
Não sei bem se não preferiria o inverso.
Se perdesse a nível pessoal, andaria uns dias com o estigma da perda e o amargo da boca. Mas passaria.
Assim, terei de andar com o sentimento de uma mudança fracassada. Mas passará...daqui a 4 anos!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009


"As mulheres não são mais infiéis do que os homens. Por muito que gostassem que assim fosse (e assim se pensasse), estão impedidas de ser mais infiéis pela circunstância de serem humanas."

Miguel Esteves Cardoso

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

A primeira chuva de Outono


A primeira chuva de Outono cai.
A beleza do momento apazigua o abafado que se instalou.
Refugio-me na única divisão sossegada da casa.
Para mim, é um momento sagrado.

Abro as janelas e respiro o ar húmido.
Sinto o cheiro da terra.
Ouço passos apressados.
Uma inquietude.

Encosto-me à ombreira fria que me trespassa o pijama de cetim.
Abraço-me.
Em pensamentos-relâmpago passam muitas vidas...mas não tento traduzir.
De repente, apetece-me cacau quente!

Cacau quente para o aconchego.
Para me acalmar.
Para me percorrer.
Para me invadir.

E outro pensamento recai sobre alguém.
Alguém que não conheço.
Mas gosto.
Alguém que me ouve e sente.
Mas não me vê.
Alguém que me adoça.
Mas está longe.
Alguém que não conheço a feição.

A chuva continua a cair.
O pensamento foge novamente e segue o regato.
"Um dia..." penso sempre no amanhã mas consciente do presente.
Fecho os olhos e esvazio a mente para ouvir o silêncio.

Silêncio invadido pelo bater da chuva.
A chuva que me descodifica e mostra o meu ser.
A chuva que significa um novo ciclo.
A chuva que transporta a saudade.

Mas, afinal, ainda é a primeira chuva de Outono!
re-edit

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Estou nas nuvens!


O fim-de-semana correu muito bem. Descansei mucho, mucho, mucho. Brinquei também às bonecas, dei-lhes papas, mudei-lhes as fraldas e tentei andar de triciclo. Consegui plantar um limoeiro e fiz um bolo. Andei a passear pela vila e namorei muito. Dei muitos abracinhos e beijinhos. Peguei no meu velhote TT e corri as serras, o que me valeu um valente escaldão nos ombros e nariz. Almocei galinha do campo e bebi café feito ao lume de lenha. Recebi muitas visitas e recordámos muitos momentos. Consegui ler os jornais no próprio dia e só liguei a televisão para ver o meu glorioso.

De um modo geral, estou maravilhada, com forças redobradas e muito, muito feliz.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Bom fim-de-semana prolongado


Apesar da semana ter sido particularmente difícil, não costumo remoer muito sobre as mágoas..... e como tal, hoje sinto-me poderosa! (lembram-se desta deixa numa qualquer novela? eheheheh).

Hoje já é sexta, o CD de música latina está a rodar, o dia está lindo, eu sou linda (sou mesmo muito humilde, não sou?). Ainda por cima houve quem me alegrasse o dia com esta frase "tudo é uma questão de manter a mente quieta, a espinha erecta e o coração tranquilo...". (WernerHS)

Obrigada a todos pelo colo!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Um novo dia

O relógio do carro marca 18h45. Estou parada frente a casa, dentro do veículo, sem saber muito bem se hei-de sair ou se me deixarei ficar e gozar um pouco daquele silêncio. O rádio, a minha única companhia nas viagens, estava desligado. O dia fora particularmente difícil. Muito difícil. Após uma jornada de trabalho, uma reunião imprevista. E perante o desenrolar da mesma fui-me perguntando sobre as qualidades de um bom líder. E, dentro dos meus valores e da minha ética, sempre estiveram bem definidas. E quando, em plena reunião, após um dia de trabalho particularmente difícil, somos maltratados, humilhados e desrespeitados, toda a minha noção de líder se desvaneceu. Para além de me parecer um momento surrealista, sabia que não podia ficar calada. E não fiquei. Foi uma luta renhida e dolorosa. Até porque quando não se luta com golpes baixos e sujos, sai-se sempre a perder.
E neste momento, dentro do meu carro, questionava-me vezes sem conta a origem de tudo aquilo, ainda sem perceber muito bem a sua essência. Só sabia uma coisa, apesar das feridas e da mágoa que me fizera aquele que eu sempre respeitei enquanto líder, eu conseguia sair de coração limpo e respirar com tranquilidade. Porque afinal, sem qualquer culpa, tinha defendido um grupo. O meu grupo. O grupo que eu todos os dias via e que era uma extensão da minha família. Um grupo que partilhava todos os meus momentos.
O silêncio parecia dar-me forças para sair. Talvez ficar na rua, sentir o vento sul na face, para me dar alento e coragem. Amanhã seria novo dia e as feridas teriam de estar saradas. Apesar de me sentir fraca, a luta justa tornara-me forte. Porque afinal "não é a injustiça em si mesmo que nos fere, é o sermos vítimas dela"...e amanhã será novo dia!

citação de Pierre Nicole